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Teatro de grupo e grupo de teatro

Texto publicado pelo ator e diretor teatral Gordo Neto, diretor de teatro da Fundação Cultural do Estado da Bahia, em 12 de junho de 2009.


A Bahia nunca deixou de ter o Teatro de Grupo como uma grande força, por vezes, fundamental nas artes cênicas. Podemos relembrar alguns nomes, como “Teatro dos Novos”, “Avelãz y Avestruz”, “Teatro Livre da Bahia” e “Carranca”, entre outros tantos, não menos importantes; e os mais recentes, surgidos a partir da década de oitenta, noventa: “Los Catedrásticos”, “Cia. Baiana de Patifaria” e “Bando de Teatro Olodum” – alguns dentre eles ainda em plena atividade.

Outra fase e outra safra de grupos locais me parecem ter se formado pela iniciativa do Teatro Vila Velha, a partir de 1994, ao criar os “grupos residentes” do teatro. Outro fator importante foi a criação da Cooperativa Baiana de Teatro que tanto recebeu grupos quanto os incentivou a surgir, e o papel da Escola de Teatro, com alguns grupos idealizados lá, formados por alunos, ex-alunos e professores. Ainda é preciso salientar o papel do Teatro de Rua, movimento que ganhou ainda maior expressividade nos últimos anos.

Bom, o título deste pequeno texto sugere uma diferença entre o Teatro de Grupo e o Grupo de Teatro. O primeiro, no meu entender, aquilo que resulta do trabalho contínuo de um Grupo de Teatro, que contempla outras atividades para além da cena, artística ou não, que fomentem as discussões estética, ética e política do fazer teatral. O segundo, um agrupamento de atores – circunstancial ou de forma mais duradoura – para fazer teatro.

Grupos de Teatro podem ou não ter como resultado um Teatro de Grupo. Nisso não faço absolutamente nenhum juízo de valor ao espetáculo, à performance deste ou daquele grupo, mas sim, uma justa clarificação do que seja uma coisa e outra. Não podemos confundi-las. A relevância dessa distinção entre Teatro de Grupo e Grupo de Teatro me parece importante nesse momento do teatro em Salvador e em nosso Estado – mesmo que eu tenha levantado alguns grupos do interior, este intercâmbio capital/interior é muito discreto, assim como modesta é, infelizmente, a nossa relação com o Nordeste.

Digo que o Teatro de Grupo nos é importante hoje porque poderia assumir algum lugar no “pensamento” das artes cênicas local. Quem estaria hoje discutindo o nosso teatro? Quem estaria hoje propondo ações para além da cena? Quem estaria hoje ocupando grande parte das salas, ruas e dos espaços alternativos na cidade? O subjuntivo está em cada pergunta porque tenho a impressão de que, apesar de grande esforço nesse sentido, e, felizmente, algum resultado, nós não estamos fazendo isso a contento. Ou estaríamos?

*Ator, diretor e membro do Colegiado do Teatro Vila Velha.

 

LEIS DE INCENTIVO/ EDITAIS E FOMENTOS:

– Lei Viva Cultura / Municipal (incentivo fiscal no valor de 400 mil/ano)
– Lei Fazcultura / Estadual (incentivo fiscal no valor de 15 milhões/ano)
– Fundo de Cultura da Bahia(verba de 30 milhões/ano)

ENTIDADES REPRESENTATIVAS:

– Cooperativa Baiana de Teatro – contato@cooperativabaianadeteatro.com.br

ESTIMATIVA DO Nº DE GRUPOS NO ESTADO DA BAHIA:

23 grupos cadastrados, há muitos outros na capital e, sobretudo no interior

ESTIMATIVA DO Nº DE ESPAÇOS TEATRAIS GERIDOS POR GRUPOS OU ENTIDADES:

05 grupos, residentes do Vila, têm espaço próprio

 

Publicado em 12/06/2009 | nenhum comentário

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