A PRIMEIRA VEZ QUE A VI DANÇAR…
Texto escrito por Marcio Meirelles para o programa de Sagração da vida toda, espetáculo de Cristina Castro para o Viladança, baseado no roteiro da Sagração da primavera de Stravinski
A primeira vez que vi Cristina Castro dançar foi há muito tempo. Eu fazia o figurino para um espetáculo de Lia Robato e ela era uma das meninas do elenco. Dançava muito bem.
Muitos anos se passaram e continuei vendo-a em várias outras coreografias, no Balé do Teatro Castro Alves. Em algumas com roupas que fiz e a vestiram.
Depois passou-se muito tempo sem que a visse, tarefas, impossibilidades, mudanças de trajetórias.
Então, um dia, uma noite, na inauguração da Sala do Coro, eu a vi dançar e acho que foi a primeira vez que ví seus olhos enquanto dançava. Eu não tinha feito as roupas que a vestiam e o que eu queria mesmo era despi-la. Como se fosse necessário. Ela já estava toda nua, toda entregue à sua dança, à sua maturidade como artista. E a dançarina fez com que eu me apaixonasse pela mulher.
Depois vi sua coreografia A Cor Do. E colaborei com ela no trabalho que, para mim, marca um novo rumo em sua carreira: 200 e Poucos Mega Bytes de Memória. Vesti dançarinos e palco para que a artista madura mostrasse sua visão de mundo, sua declaração de amor à diversidade de culturas, de personas… Mas, na verdade, o figurino já estava pronto quando assisti pela primeira vez ao ensaio: os dançarinos, os gestos, o movimento já mostravam claramente as roupas que viriam depois. Foi só desenhar e executar o que me era mostrado.
Desde então vinha atormentando-a para que assumisse a dura tarefa de estruturar um grupo seu, sediado no Teatro Vila Velha, com o qual pudesse experimentar sua linguagem coreográfica e brindar o mundo com poesia, que é disso que o mundo precisa.
E, felizmente, neste ano da Graça de 1998, assumindo todo o desgaste que é a administração e a captação de recursos para que um projeto como esse vá em frente, ela topou a tarefa de criar um grupo. Para esse mister, usou o material mais raro, e dele fez o Viladança: de poesia.
Uma poesia que vem da rua, do dia a dia, do deboche e da alegria, e também do pensamento, do sentido de mágico, da sensibilidade que consegue sincronizar o novo com o tradicional, estabelecendo um diálogo interessantíssimo sobre o que somos: cidadãos de qualquer parte do mundo, mais especificamente uma parte do mundo que se chama Bahia.
Marcio Meirelles
Salvador, 2 de novembro de 1998
Meu irmão,
Que lindo!
Te amo
tu e’ poeta também cabra? lindo texto, linda carreira. bjs cris e mm.
Mulher é uma coisa desnorteante; ela tira a gente do rumo e pode colocar num rumo mais decidido,ou mais duvidoso. 95% das mulheres empurra a gente pra o rumo mais aberto.Ela usa as mãos, os braços, as pernas, a barriga, a cabeça e até os olhos. Ela usa tudo!.. Sorte de quem atravessa os passos de uma Cristina. Abraços pra vocês!..