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UNIVERSIDADE LIVRE DE TEATRO VILA VELHA

início de FRANKENSTEIN - o barco de walton/teatro vila velha

início de FRANKENSTEIN - o barco de walton/teatro vila velha

Criada em fevereiro de 2013, a universidade LIVRE de teatro vila velha é um resumo de tudo o que o Teatro Vila Velha foi e é até hoje: um espaço de experimentação, formação artística e constante diálogo com a sociedade. A LIVRE se conecta com as ideias do artista visual e ativista político-cultural alemão Joseph Beuys (1921-1986), do diretor teatral Zé Celso Martinez (Teatro Oficina) e de outros artistas e coletivos que pensam a arte como ferramenta política de transformação.

A partir do programa de formação em artes cênicas da universidade LIVRE, o Vila se reinventa continuamente, deslocando a construção dos processos artísticos para lugares em que os integrantes do grupo exercem plena e conscientemente toda a autonomia criativa e de gestão. Essa consciência se instala por meio de ações multidisciplinares, transversais e poéticas, nos quais os participantes entram em contato com conhecimentos de iluminação, sonorização, cenografia, figurino, produção, administração, comunicação e muitos outros que tenham o objetivo de construção de um saber pleno sobre a função de todos os componentes estéticos e éticos envolvidos neste sistema. Cada participante da universidade passa necessariamente por todos os setores do teatro. Para a LIVRE, a formação do ator não está apenas no palco.

“A LIVRE é uma comunidade multidisciplinar, que surge com a necessidade de repensar a sociedade, o teatro. Propõe-se não só à reflexão, mas à ação, dando resposta a um teatro que encontra dificuldades para conservar seu público. É um espaço de troca sempre constante de conhecimento. Não temos professores, alunos, departamentos… Trabalhamos com dramaturgia, cenografia, iluminação, figurino, percussão, voz, corpo, tecnologia. Não há obrigação. O que nos interessa é o compromisso”, explica o diretor Marcio Meirelles.

Os participantes da LIVRE realizam encontros de segunda a sábado, quando, além dos ensaios, são realizados trabalhos de corpo, percussão, capoeira, música, canto, dança, gestão colaborativa, dramaturgia, tecnologias, audiovisual, yoga, sempre voltados para o trabalho de ator. A LIVRE realiza ainda cursos de extensão para os seus participantes, como as oficinas de maquiagem cênica, de iluminação e de construção de berimbaus e alfaias, instrumentos que são incorporados pelos espetáculos e experimentos do programa.

Além dos cursos de extensão, a LIVRE realiza oficinas e encontros com profissionais de artes de diversas áreas, possibilitando uma troca de conhecimento que extrapola os limites do estado e país. A universidade LIVRE de teatro vila velha tem coordenação de Marcio Meirelles e a colaboração de Martin Domeq, Bertho Filho (preparação de ator). Tadashi Endo (dança contemporânea japonesa Butoh) Anita Bueno (yoga), Ridson Reis (percussão), Cristina Castro (preparação corporal) Leno Sacramento (capoeira), o ator Cacá Carvalho, o diretor musical do Theatre de Soleil, Jean-Jacques Lemêtre, a diretora e iluminadora Fernanda Paquelet, o ator do LUME Carlos Simioni, Cibele Forjaz (dramaturgia colaborativa), a atriz Sonia Robatto, a diretora Chica Carelli, o dramaturgo Hayaldo Copque, o ator e diretor Vinicius Piedade, o grupo Mundana, Pedro Jatobá (gestão colaborativa), Pedro Dultra (iluminação) entre outros profissionais, colaboraram neste primeiro ano da LIVRE através de encontros projetos específicos, oficinas, conversas, demonstração de processos.

Moeda Social

Junto à criação da LIVRE, o Vila entra no ambiente de Economia Solidária, através da moeda social “tempo”. O “tempo” serve como alternativa e complemento ao Real. Desse modo, o trabalho, bem como serviços oferecidos pelo Vila, como aluguel de pauta, passam a poder ser negociados a partir de uma nova lógica, que valoriza o tempo de trabalho. Participantes da LIVRE, por exemplo, pagam parte da mensalidade em dinheiro e parte em “tempos”, através de funções desempenhadas nas diversas áreas do teatro, como comunicação, técnica, bilheteria, produção, entre outras. O fluxo de “tempos” é administrado através da plataforma colaborativa Corais (www.corais.org/livre), implementada no Teatro Vila Velha com a consultoria do produtor cultural Pedro Jatobá. 

Experimentos e Frankenstein

Como forma de incluir o público no seu processo de criação, a LIVRE apresenta, a cada mês, um Experimento. Nele, são apresentadas cenas em processo que servem como pesquisa e experimentação para a montagem dos espetáculos. Ao longo do ano de 2013, foram apresentados seis Experimentos, todos baseados na obra Frankenstein, de Mary Shelley.

No início de abril de 2013, com pouco mais de um mês de trabalho, a Livre apresentou “FRANKENSTEIN – EXPERIMENTO 1” ao público baiano, através de um ambiente interativo e performativo, onde os participantes e intérpretes abordaram a concepção e a proposta do programa, incorporando a exposição do trabalho à dramaturgia.

Em maio do mesmo ano, a criatura se fundiu ao universo da peça “Macbeth”, de William Shakespeare, dando origem a “FRANKENSPEARE/SHAKESTEIN – EXPERIMENTO 2”, e mergulhou no que há de sombrio e poético entre os dois personagens.

Em seu terceiro experimento, a Livre propôs mais um cruzamento poético da obra, intitulado FRANKENSTEIN E SEUS MITOS INTERNOS. Os mitos de Prometeu, Golem e Lucifer, que, de acordo com a leitura do grupo, são citados, direta ou indiretamente, no romance.

No quarto experimento, intitulado “Poéticas da Ausência”, o diretor Marcio Meirelles e o diretor argentino Martin Domecq levantaram a discussão e a reflexão sobre as diversas representações da ausência, suas ambigüidades, contradições e simbologias.

O quinto experimento explorou o feminino dentro da obra, a partir de diferentes olhares sobre a personagem Elizabeth. Além do trabalho orientado pela diretora teatral Cibele Forjaz com ênfase no quinto capítulo da obra, a criação da criatura.

O sexto e último experimento foi o não experimento, exercitar o silêncio, transformando o próprio silêncio em discurso.

A reunião de todo esse trabalho de pesquisa e experimentação compõe FRANKENSTEIN, segunda montagem da Trilogia dos Monstros, que começou com DRÁCULA (de Bram Stoker), em 2012, o FRANKENSTEIN de Marcio Meirelles propõe a exploração do entorno e de todo o espaço interno do Vila, onde o elenco se divide em grupos, conduzindo o público a diversas versões e camadas da mesma história, possibilitando ao espectador maior autonomia na construção das suas próprias leituras sobre a trama. Uma atmosfera polifônica, onde uma série de vozes se apresentam e se cruzam; e que tem sido uma constante no trabalho do diretor Marcio Meirelles.

 

FRANKENSTEIN – temporada de 11 a 21 de fevereiro de 2014

Publicado em 11/02/2014 | nenhum comentário

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