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VILA + 50

Neste ano de 2014, o Teatro Vila Velha completa meio século. Sua trajetória é rica em acontecimentos artísticos e políticos. Antecede sua fundação a formação do Teatro dos Novos, protagonizada por alunos da primeira turma da Escola de Teatro da UFBA sob a liderança de João Augusto, um de seus professores. Os alunos insurgiram-se contra a academia, negaram o diploma e ousaram construir um projeto artístico autônomo, fato determinante para o surgimento do Teatro Vila Velha.

Depois de muitas histórias, acertos e desconcertos, em 1998, o Vila ressurgiu reconstruído nos seus princípios fundadores por novos grupos de artistas liderados por Marcio Meirelles. 

Para comemorar os 50 anos do Vila, sua história vai ser contada em cinco fases que mostrarão sua ligação direta com os acontecimentos que marcaram a sociedade brasileira nesses períodos – através de espetáculos, exposições, debates, instalações.

TEATRO DOS NOVOS:

Em 31 de julho de 1964, exatos quatro meses depois do golpe militar que enterrou o Brasil numa sombria ditadura da qual ainda sofremos as consequências, o Vila foi inaugurado – abria-se uma janela de liberdade, um espaço onde a vida inteligente do país podia refletir e agir para a retomada de um país justo para todos. Missão que continua a nortear as novas gerações de artistas deste teatro.

Depois de mais de um mês de celebração – com vários eventos, inclusive o histórico show Nós por exemplo que apresentou Tom Zé, Gil, Caetano, Bethânia e Gal, pela primeira vez em um palco – estreou a peça teatral: Eles não usam bleque-tai, de Gianfrancesco Guarnieri, dirigida por João Augusto.

Este foi o período em que o Teatro dos Novos conduziu o teatro e estabeleceu-se como a primeira companhia profissional de teatro da Bahia.

TEATRO LIVRE

A segunda fase, foi capitaneada pelo Teatro Livre da Bahia. Em 1970, João Augusto assume a direção do grupo. E, com ele como novo responsável pela programação do Vila – sem que o Teatro dos Novos tenha se desvinculado de sua gestão – retoma a linha do teatro de cordel, politizando mais ainda as ações do teatro. Sediando encontros de restauração dos direitos civis e a Anistia Internacional. A segunda fase termina com a morte de João, em 1979.

TEATRO DAS TENTATIVAS

A terceira fase pode ser chamada da fase das tentativas. Foi um período descontínuo no qual assumiram a gestão do teatro Échio Reis, a Fundação Cultural do Estado e Carlos Petrovich. Época marcada por possibilidades frustradas de retorno ao início, pela transformação do teatro em espaço governamental, pelo teatro pornô, por um lado, e teatro infantil, por outro. Esta fase avança até 1994.

TEATRO DE GRUPOS

Nesse momento entram em cena o diretor teatral Márcio Meirelles e a produtora cultural Ângela Andrade que juntam-se à Sociedade Teatro dos Novos então formada por Petrovich, Sonia Robatto e Tereza Sá. Com a colaboração de muitos artistas – em especial Chica Carelli e Cristina Castro – retomam os princípios fundadores do Vila. E o período é marcado pela presença de grupos residentes como o Bando de Teatro Olodum e o Viladança e, pelas atuações dos dois, torna-se uma referencia de cultura negra e da dança. E foram criados o Novos Novos, que agregou o trabalho com crianças, e o Vilavox e A Outra, grupos que agora têm seus próprios espaços. A gestão da programação passou a ser responsabilidade da organização não governamental Sol Movimento da Cena, responsável pela reconstrução do teatro e sua revitalização.

TEATRO DO FUTURO

A última fase começa em 2007, marcada pela ausência de Márcio Meirelles durante os quatro anos em que  assumiu a pasta da recém criada Secretaria de Cultura da Bahia, a convite do Governo, exatamente por sua atuação no Vila. De volta, em 2011, Márcio dedica-se desde então a novas iniciativas como a criação da universidade LIVRE de teatro vila velha, programa de atuação, investigação e formação de novos caminhos para o teatro.

Assim o Vila mantem-se propositivo e atuante e novos desafios colocam-se à sua frente enquanto continua sempre com o compromisso de inovação estética, de formulação de políticas culturais, de prática de princípios éticos, de busca de respostas para o teatro e de independência em suas ações.

texto escrito colaborativamente com o núcleo de comunicação do teatro vila velha para o editorial da agenda de programação do teatro para março de 2014 – 22/02/2014

Publicado em 22/02/2014 | nenhum comentário

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