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do livro LIVRE de memórias de flora rocha


flora rocha em cima do cartaz - iluminada no lado direito

flora rocha em cima do cartaz - iluminada no lado direito

Foram seis meses de segunda a sábado, de 9 às 12h. Foram muitos dias de teatro, de liberdade, de vida.

Inicialmente, quando soube de um tal “livro preto” e dos depoimentos no facebook ou nos corais (“diário online”), fiquei encantada com a ideia de expor para o mundo as nossas vivências no Teatro Vila Velha. Mas nunca o fiz. Alguns escritos sobre os encontros/exercícios no livro preto, mas nada pessoal. Hoje, alguns – ou muitos – dias afastada da rotina universidade livre/teatro vila velha, me pego cheia e transbordando de uma saudade mansa e deixo, agora, jorrar minhas palavras, meu “breve” relato pessoal.

Por uma vida desejei fazer teatro. Há um ano eu não sabia o tipo de teatro que queria. Na verdade, não sabia as opções que tinha. Pesquisava, pesquisava… e não saía do lugar. Vivia uma outra área, um outro mundo, que não me cabe, que eu não cabia. Então, eu ouvi falar da universidade LIVRE de teatro vila velha, por um amigo. Eu fui levada. No meu primeiro dia, sem conhecer ninguém além do meu amigo, já entrei fazendo (isso é a livre). Era uma sala de ensaio, com vários instrumentos e pessoas vestidas de branco. Eu não sabia ao certo o que tudo aquilo significava, nem sabia o que/como fazer o que estava sendo proposto, mas ouvi: se jogue e faça! Fui, tentei, fiz. Ao final do exercício (improvisação – frankenstein – marinheiros – Bertho), vi os atores se juntarem aos sorrisos, música e sintonia e uma roda de samba se formou. Um bando de gente suando alegria por trabalhar arte. Nesse dia eu senti o que sempre sonhei dizer: aqui é o meu lugar.

O tempo foi passando e aos poucos fui/estou descobrindo o que é a LIVRE. Fui conhecendo as pessoas, criando laços; conhecendo o teatro e a mim mesma. Cada dia uma nova surpresa. E entre crises, leituras, exercícios e produções, brotamos em dois espetáculos (Por Que Hécuba e Frankenstein). Perdidos e achados, inseguros e confiantes, nervosos e tranquilos, novos e veteranos… unidos pelo mesmo objetivo: fazer teatro.

É um dia-a-dia e corre-corre de trabalho, vivência e aprendizado. E os sentimentos… estes inundam. E muitas vezes me derramei no vila velha. O que me vem do peito agora é sobre o sentindo do nome que leva: LIVRE. A leveza e o peso que se tem. Essa universidade, esse grupo, esses atores, esse diretor, esses colaboradores, esse teatro… são LIVRES. LIVRES para SER um/o mundo. Sentir e fazer sentir. Brotar e fazer brotar. Porque o teatro vai além, muito, mas muito mais ALÉM… além das minhas pesquisas por um curso e pelos tipos; além da minha profissão de sustento; além do suor e da alegria; além dos meus problemas financeiros, amorosos, familiares e das lágrimas derramadas por eles; além das falhas, além do sistema, das desgraçadas e da crueldade do ser humano. O teatro vai além… porque É a busca e o alcance. É espelho (entende-se pelo traje branco) para enxergar: a si mesmo e a esse mundo que queremos mudar.

Nas salas de ensaio, camarins, banheiros, corredores, escadas, palcos, dentro e fora… criamos e vivemos nosso mundo para tentar tocar os seus próprios e o inteiro. Que a gente possa, faça e consiga. Que a gente continue e não desista… do nosso teatro, da nossa liberdade, da nossas vidas e de um mundo melhor.

Quis há uma vida. Seguirei querendo… ser LIVRE!

“Seguimos…
E sejamos LIVRES!
Seja lá o que isso for.”

memorial de FLORA ROCHA
ano/arco1 FRANKENSTEIN da universidade LIVRE de teatro vila velha
postado no https://www.facebook.com/groups/485772011484576/permalink/662597533802022/

Publicado em 06/03/2014 | nenhum comentário

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