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JANGO – UMA PEÇA ÉPICA SOBRE O BRASIL

texto escrito para o programa de JANGO – UMA TRAGEDYA de glauber rocha . 2a edição . 04 a 28 janeiro 2018 . teatro vila velha . salvador bahia

 

surpreendentemente para os desavisados e amadores

o presidente compra votos do congresso p n ser investigado

c divulgação e cobertura pelas redes de imprensa

e nada acontece

a soberania e recursos nacionais são distribuídos à conglomerados econômicos estrangeiros

e nada acontece

na calada da noite os direitos básicos dos trabalhadores

– conquista de anos –

são desmantelados

e nada acontece

aparentemente

as forças políticas internacionais estão em ebulição

interesses de peixe grande

evangélicos se infiltram no poder numa clara ameaça de deslaicização do estado

parte da sociedade desmemoriada clama por intervenção militar mais uma vez

mas é de se perguntar qual a alternativa p se reorganizar o país uma vez q os 3 podReres estão desmantelados nas mãos do 4o – a mídia

e outra pergunta se interpõe como e para q lado seria reorganizado o brasil pelas forças armadas – temos memória das outras vezes em q isto foi feito

ONDE FICA O BRASIL?

este seria o título do espetáculo q a universidade LIVRE do teatro vila velha montaria para concluir simultaneamente o período de formação de sua 2a turma e o projeto TEATRO ÉPICO NA BAHIA – construção de uma dramaturgia a partir do material de imprensa e das redes sociais painel sobre a doença q o pais atravessa

depois c a percepção do país como parte de um mundo globalizado q reflete o caminho se delineando no horizonte de retrocesso de intolerância de guinada à direita apagando liberdade arte desejo identidade como sinônimos de vícios perversões profanações sacrilégios no mundo do lucro do consumo do fanatismo fundamentalista

resolvemos ampliar os temas da dramaturgia e reintitulamos o projeto

DEUS ESTÁ MORTO

muita polêmica sobre este nome e o sub nomeamos E EU COM ISSO? depois E SOU RESPONSÁVEL POR ISTO e depois ISTO E AQUILO E OUTRAS COISAS MAIS

muitos nomes e sub nomes foram discutidos e com a discussão dos nomes trabalhamos conteúdos opiniões dialética narrativas dramaturgias revoluções golpes regressões

mas havia sempre o receio de q n déssemos conta de construir uma dramaturgia tão avassaladora p a cena qto a do dia a dia a das redes sociais

o receio de q n fossemos capazes no prazo q tínhamos de dar conta de construir um espelho e mostra-lo à sociedade capaz de faze-la se reconhecer capaz de purgar a moléstia q nos está destruindo

passamos por matéi visniec e seu MIGRAAAANTES trabalhamos algum tempo c ele mas queríamos falar mais do brasil n através de rebatimentos mas diretamente

meter a mão na massa chafurdar no q se converte dia a dia o nosso país

seria preciso um shakespeare talvez

chamei caio terra para fazer a música do projeto e falei deste receio

e ele perguntou pq n lançávamos a 2a edição de JANGO – UMA TRAGEDYA

era isso precisávamos de um shakespeare ou de um glauber

isso atenderia

nossas angustias políticas

o programa da LIVRE trabalhar no último ano de formação c uma tragédia

a segunda etapa do TEATRO ÉPICO NA BAHIA

 

pausa sobre o TEATRO ÉPICO NA BAHIA

é um projeto financiado por edital do fundo de cultura do estado da bahia executado em 2 etapas

a 1a uma oficina de dramaturgia e encenação épicas coordenada por santiago roldós q aconteceu no inicio do ano e teve como resultado a montagem de LUZES DA BOEMIA de ramon del valle inclan

a 2a seria uma oficina de dramaturgia e encenação épicas coordenada por sérgio de carvalho que resultaria numa montagem sobre a tragédia (anunciada) da população do quilombo do rio dos macacos

sérgio não pode realizar a encenação

coube a mim prosseguir o projeto

n quis continuar c o de sérgio pq esperamos q ele possa voltar em breve e concluir o seu antes q o quilombo seja memória e narrativa épica de uma comunidade aniquilada pela força

e seguimos a história já narrada do percurso de temas e debates numa longa oficina de dramaturgia e encenação de 5 meses até chegarmos a JANGO e trabalharmos por mais 2 meses na sua montagem

fim da pausa sobre o TEATRO ÉPICO NA BAHIA

 

glauber segundo me contou othon bastos se contagiou pela narrativa épica de brecht q desenvolveu no cinema desde então – chegando ao clímax em O LEÃO DE SETE CABEÇAS para alcançar a plenitude nA IDADE DA TERRA – a partir do momento em q assistiu a uma leitura de MÃE CORAGEM E SEUS FILHOS feita pelo teatro dos novos / teatro vila velha

JANGO revê a estrutura narrativa da tragédia pre dramática grega através do prisma brechtiano e seu teatro dialético

o herói mostra sua história impasses opções e decisões para q o coro/sociedade/polis reflita e comente

os corifeus/indivíduos tb agentes da ação intermediam a narrativa c seus testemunhos q criam um processo cognitivo dialético c os choques dos diversos ptos de vista

o coro/sociedade/polis adverte julga e executa o herói para q o público/sociedade/polis através do exemplo amplificado pela poesia e encenação  purgue a praga

a encenação traduz a narrativa sequencial do texto para a tridimensionalidade e simultaneidade do espaço e do movimento

e a atriz/ator atua mostrando ao público o processo dialético q lhe infunde terror e piedade emoção e razão para q faça opções e tome decisões

 

JANGO revê a história do brazyl para q possamos entender o presente e desenhar o futuro necessário

 

salvador . 22.12.2018

marcio meirelles

*neste programa da 2a edição revisto repaginado e rediagramado foram mantidos os textos da 1a edição q apoiam o público na leitura da peça e retirados os comemorativos dos 50 anos do teatro vila velha da edição de 2014

 

 

Publicado em 09/01/2018 | nenhum comentário

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