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VOLTAR SEMPRE FOI UMA QUESTÃO MUITO DIFÍCIL!

expressão de afetividade em público por Aldri Anunciação – autor de EMBARQUE IMEDIATO – sobre o projeto de montagem

 

Na vida, eu comecei o trânsito artístico como ator… e continuo atuando! Engraçado que o trânsito por uma carreira artística é um tipo de tráfego no qual a cada esquina, você é convocado a parar… a retornar ao início… a pegar atalhos estranhos… a passar por viadutos em construção… a desviar de buracos de asfalto… a cair em buracos.. a dirigir em estradas de barro… e outras vielas a mais! Muitas vezes, nesse trânsito aventureiro da carreira artística, somos convocados a des-insistir! Essa convocação nunca vem em forma de palavras… mas em situações. E é nessas horas, que percebemos o que somos de verdade!

Descrito desse modo, a carreira artística pode até parecer uma metáfora de todas as carreiras… de outras profissões. Nós artistas talvez sejamos uma simples metáfora do mundo! Mas o fato é que fui forjado dessa maneira… e foram as esquinas desse trânsito que me fizeram ator, dramaturgo, roteirista e apresentador.

Dessas funções, existe uma que mais me comove… é a aquela da escrita ficcional! Contar histórias através da escrita, foi a função que surgiu de forma mais tardia na minha vida… embora tenha recebido o sinal desde cedo, quando aos doze anos de idade o escritor Jorge Amado me aconselhou “…escreve o seu livro…”. Ele me deu inclusive (de presente) o título de uma obra que ele havia desistido de usar… título este que guardo a sete chaves! Sim… fui vizinho do Jorge Amado na minha infância… lá no Rio Vermelho!

Mas eu não segui de imediato o conselho de Jorge… pois na primeira estrada que peguei, me deparei na longa BR da atuação… que tem me deixado muito feliz e me mantém dentro de uma realidade inventada que alimenta e dar cor saudável a minha vida real prática. Atuar me mantém em contato com o outro… me faz respeitar o ser-humano e possibilita manter vivo o sentimento de compaixão com todos que estão ao meu redor ou além das fronteiras de meus preconceitos.

Enquanto a atuação acontece no convívio, a escrita acontece de forma solitária! Mas é uma solidão que resenha a convivência… resenha a companhia… resenha o coletivo… resenha o viver em sociedade. Quando escrevo estou sozinho… mas ao mesmo tempo acompanhado por todo o mundo que naquele momento da escrita se encaixa todinho e certinho na minha mente de autor! O mundo no momento da escrita é uma massa moldável… que manipulamos das maneiras mais diversas… tentando contemplar as mais variadas opiniões e as colocando em confronto na cena da escritura!

Escrevo esse post, inspirado por aqueles que abraçam e acreditam nas histórias inventadas! Inspirado por aqueles que entram no barco das ideias de um autor … e navegam por entre suas palavras sem medo de ficarem à deriva! Aqueles que acreditam na ficção, na reflexão e na abstração do real como verdadeiros caminhos para o entendimento mútuo! Aqueles que respeitam a poesia do trabalho artístico e convocam os artistas a continuarem criando, escrevendo, cantando, atuando, dançando, pintando, filmando, esculpindo, artesanando, poetizando, romanceando, contando… e escrevendo a crônica do nosso “confinado” mundo real prático!

Agora em maio de 2019, mais uma trupe entrou (está entrando) no meu barco de ideias de autor, e navegou no meu mar de palavras… embarcando e resgatando identidades itinerantes! Quero agradecer nesse temível” mundo novo” das redes, a equipe do espetáculo de teatro EMBARQUE IMEDIATO (meu + novo texto de teatro) que milagrosamente está transformando palavras em cena… com muito amor, afeto e grande coragem!

Obrigado Antônio Pitanga, Rocco Pitanga , Camila P. Sampaio, Marcio Meirelles, Fernanda Bezerra, Fernando Philbert, Kennia Orsetti, Edu Coutinho, Aderbal Freire Filho, Erick Saboya Bastos , Jarbas Bittencourt, Goya Lopes, Irma Vidal, Bárbara Barbará Donadel, Rafael Grilo, Chico Peres, Gabriel Franco, Ramon Gonçalves, Rafael Aguiar… obrigado por embarcarem imediatamente nesse trânsito que nos levará… pra onde mesmo?

Bom… talvez nos ajudará a voltar pra algum lugar em que nos sentimos seguros! Afinal de contas… como diz um dos cidadãos-personagem do espetáculo “… voltar sempre foi uma questão muito difícil!”.

Obrigado! Obrigado e obrigado!

E aguardo todos vocês (que leram até aqui) no Teatro Sala do Coro do Teatro Castro Alves (Salvador-Bahia) a partir do dia 30 de Maio de 2019. Sempre de quinta a domingo às 20hs. A temporada vai durar apenas três semanas!

salvador . 18.05.2019

Publicado em 18/05/2019 | nenhum comentário

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