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SOBRE UM BRASÃO IMPERIAL

Últimamente, talvez por causa dos 35 anos do Avelãz y Avestruz, da tramitação da Lei Orgânica da Cultura na Assembléia e do decreto do governador referente ao Plano Estadual de Livro e Leitura, frutos em parte do meu trabalho, recomeçaram os ataques pessoais, uma tentativa aparentemente orquestrada de apagar a história com a repetição de ficções.
Uma delas é sobre a suposta intenção de me apropriar de um brasão imperial, pertencente ao Instituto Histórico e Geográfico. Segue a história real:

O Brasão do Teatro São João foi emprestado ao Teatro Vila Velha pelo Instituto Histórico e Geográfico da Bahia em 1964, para a exposição de inauguração do Vila – a idéia foi do diretor João Augusto, num ato simbólico de passagem de bastão de um teatro importante que deixou de existir para um novo teatro que começava.

Em 1994, ano que cheguei com outros artistas para a reconstrução do Vila, o Brasão já estava aqui, sem nenhum documento e memória, bastante comprometido pelos cupins. O professor José Dirson Argolo ofereceu o serviço de restauração da peça como um presente ao Novo Vila.

Depois da reforma, o Brasão esteve em permanente exposição, com uma placa que o identificava. A professora Consuelo Pondé, do Instituto, esteve no teatro para uma palestra e reconheceu a peça e informou-me sua origem. Foi-lhe explicado que não havia nenhum documento sobre o brasão no teatro, apenas a tradição de que ele tinha vindo do São João. Assegurei-lhe também que uma nova placa indicando sua propriedade substituiria a antiga.

Algum tempo depois a professora Pondé enviou uma carta solicitando a devolução da peça, após sua permanencia em exibição por quase 40 anos, no Teatro Vila Velha. Acompanhava um documento do Instituto Histórico e Geográfico, datado da época, que autorizava o empréstimo, mas nenhuma registro de cobrança de devolução.

Levando em conta o romantismo do ato de João Augusto, quando pediu a peça emprestada, e pelo fato de não ter sido lembrada até então, relutamos em entrega-la. Alguma correspondência foi trocada até que percebemos que, símbolo por símbolo, aquele brasão era do Império e foi salvo do incêndio que destruiu o Teatro São João justamente por que havia sido proclamada a República. Era melhor que retornasse para quem o demandava.

Então o professor Jorge Calmon, conselheiro do Instituto de Patrimônio Histórico e Geográfico, meu amigo pessoal, foi contactado e ficou acordada a sua devolução. Uma tarde, como combinado, o próprio professor, acompanhado dos técnicos do instituto, capacitados pra fazer a remoção adequada, veio busca-lo e o levou.

Publicado em 31/10/2011 | nenhum comentário

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