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A QUEM NÃO INTERESSAR OS ATAQUES AO TEATRO VILA VELHA

O Vila leva em conta seu público desde sua inauguração em 1964

O Vila leva em conta seu público desde sua inauguração em 1964

O jornal A TARDE publicou hoje o artigo que transcrevo, assinado por Gina Leite, coordenadora geral do Vila. Vamos esperar os ataques agora. A campanha é sórdida e consiste em atacar tudo que está ligado a mim ou ao meu trabalho. A estratégia é criar uma sensação de verdade plantando em vários lugares diferentes referências negativas. Um jornalista da Revista MUITO é especialista em distorcer fatos em notas, induzir respostas nas entrevistas e recortar depoimentos. Assim ficam espalhadas por várias vozes afirmações levianas, sem que a outra parte (eu) seja ouvida – princípio básico da ética da informação. Portanto esperemos. Os mesmos colunistas, articulistas ou jornalistas procurarão as mesmas fontes (ou muito raramente novas) em pessoas que foram contrariadas em seus interesses pessoais, especialmente aqueles que não receberam o quanto gostariam ou não exerceram o poder que imaginavam teriam ou os que pessoalmente não conseguiram me tirar do caminho definido para uma política cultural de Estado. Esses estarão sempre prontos para difamar, caluniar, molestar. Porque os satisfeitos com o meu trabalho não se levantarão. É o normal. Mas aqueles que nutrem ódios, ciúmes, invejas patológicas ou políticas, ou os dois, contra mim. Esses não vão parar.
teatro vila velha - referência de espaço criativo e democrático
teatro vila velha – referência de espaço criativo e democrático

A QUEM NÃO INTERESSAR OS ATAQUES AO TEATRO VILA VELHA

O Teatro Vila Velha, fundado em 1964 pela Sociedade Teatro dos Novos, funciona há 47 anos e se consolidou mais do que como casa de espetáculos, como uma usina cultural e artística. A contribuição do teatro para o Brasil é inquestionável, aqui surgiram Bethânia, Gil, Gal, Tom Zé, Caetano, os Novos Baianos, Lázaro Ramos, Virgínia Rodrigues, Othon Bastos, o Teatro de Cordel, foi sede da Anistia Internacional. Mas não só foi, continua formando novos artistas, consolidando carreiras e é uma referência internacional de espaço de inovação, criação e produção. Tendo sido condecorado com a Ordem do Mérito Cultural do Brasil, em 2009.

O Teatro Vila Velha, desde 1995, recebe recursos do Estado, assim como outras instituições culturais. Diferentes gestões assumiram o governo da Bahia e todas mantiveram o apoio a elas. Essa ação foi ordenada, em 2010. Foi lançado pela Secretaria de Cultura um edital, elaborado em parceria com a Procuradoria Geral do Estado, com critérios de avaliação e pontuação objetivos, para que a escolha das instituições apoiadas não fosse um ato apenas do secretário, para democratizar o acesso de outras instituições aos recursos e para definir patamares de valores para cada uma. O Vila concorreu, teve sua proposta aprovada e o valor do convênio definido por comissão formada por pessoas da sociedade civil e do governo.

Vale ressaltar que hoje 14 instituições estão no programa. No mesmo patamar de valor que o Vila, em torno de 450 mil reais anuais, estão o Theatro XVIII e o Museu da Misericórdia.

Para receber esses recursos o Teatro Vila Velha e as outras instituições precisam prestar contas corretamente dos seus pagamentos e atividades, com metas e ações trimestrais previstas em suas propostas. O Vila ultrapassa suas metas.

Só em 2010 tivemos 444 apresentações para um público de 55.214 pessoas e para isso a Sol Movimento da Cena, entidade que gerencia o Vila Velha e sua programação, tem 33 funcionários contratados.

Os recursos que o teatro recebe do Estado são para que possa apoiar sua programação e subsidiar o valor dos ingressos e correspondem apenas a 33% do seu orçamento mensal, que consome 115 mil reais para gerar empregos diretos e indiretos e beneficiar público e artistas com acesso a bens produzidos e meios de produção.

São custos para manter o teatro apenas, não para produzir seus conteúdos. Os grupos, que desenvolvem seus projetos no Vila, buscam recursos de outras fontes: em editais, apoios, patrocínios e também na bilheteria de seus espetáculos ou nas inscrições para as oficinas que promovem. O público é levado em conta no Teatro Vila Velha, e a necessidade que a sociedade tem do que é oferecido também se traduz no retorno de bilheteria, cujo rateio para o teatro corresponde à 17% de suas despesas. Outros 27% vêm de patrocínio da Petrobras, desde 2004.

Qualquer um que saiba matemática percebe que há um déficit nesta conta. Entretanto, o Vila não fecha nem ameaça fechar suas portas por isso, porque convive com essa luta desde sua construção.

Buscamos os 23% restantes de forma criativa, promovendo atividades de formação, eventos, criando e vendendo produtos e muito mais. Sem deixar de lado a busca por mais uma cota de patrocínio que resolva a equação.

Os grupos residentes e em residência são fundamentais neste afã. Uns vieram já prontos como o Bando de Teatro Olodum (24 artistas), o Nata (6), o Teatro da Queda (11), o Pivô (2) e o Supernova (3), outros se formaram aqui, como o Núcleo Viladança (13) a Outra Companhia de Teatro (5) e a Cia Novos Novos (35), e Sonia Robatto, fundadora e integrante da Cia Teatro dos Novos, que construiu o Teatro Vila Velha, sua política, sua estética e sua ética, pautado numa luta incessante por mudanças que tornem a sociedade mais justa.

Todos os dados numéricos citados neste artigo encontram-se detalhados no site www.teatrovilavelha.com.br, assim como seu dia a dia está registrado no blogdovila.blogspot.com

Gina Leite

é produtora cultural, escritora e Coordenadora Geral do Teatro Vila Velha.

Salvador, 31 de outubro de 2011

Publicado em 15/11/2011 | 2 comentários

2 Comentários

  1. Sou fã do Vila desde que era dirigido por João Augusto, com Mario Gusmão, Mario Gadelha, Yumara Rodrigues e tantos outros como atores. Depois participei como fotografo da montagem de diversas peças com Alvaro Guimarães, Jorge Salomão e fiz uma exposição de fotografias de uma peça proibida pela ditadura: ” As Senhotitas ” de Jean Genet, dirigida por Alvaro Guimarães. Fiquei surpreso e gratificado com a recuperação do Vila e a direção segura que Marcio e seu grupo deram a essa instituição nos 90, creio. E até Márcio se tornar secretário de um governo que ousou mudar os paradigmas para a cultura nunca ouvi um único reparo a essa administração. Me solidarizo com Marcio e toda administração do Vila e repudio a difamação e execração publica que querem lhes impigir!

  2. Lilian Santos says:

    Sou professora de Artes no Colégio Estadual Marcia Meccia e em 2010 tive oportunidade de levar meus estudantes do ensino básico, do quinto ano fundamental ao terceiro do ano do nivel médio a diferentes espetáculos de dança e teatro no Vila Velha. Foram experiências importantíssimas na vida deles, pois as peças que vimos tinham linguagem contemporâneas e alta qualidade técnica. Espero que o trabalho desenvolvido com a liderança de Marcio Meireles tenha continuidade e seja expandido para toda a comunidade baiana, tornando o teatro mais popular e democrático como em SP, RJ e outras capitais do país.

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