A QUEM NÃO INTERESSAR OS ATAQUES AO TEATRO VILA VELHA
A QUEM NÃO INTERESSAR OS ATAQUES AO TEATRO VILA VELHA
O Teatro Vila Velha, fundado em 1964 pela Sociedade Teatro dos Novos, funciona há 47 anos e se consolidou mais do que como casa de espetáculos, como uma usina cultural e artística. A contribuição do teatro para o Brasil é inquestionável, aqui surgiram Bethânia, Gil, Gal, Tom Zé, Caetano, os Novos Baianos, Lázaro Ramos, Virgínia Rodrigues, Othon Bastos, o Teatro de Cordel, foi sede da Anistia Internacional. Mas não só foi, continua formando novos artistas, consolidando carreiras e é uma referência internacional de espaço de inovação, criação e produção. Tendo sido condecorado com a Ordem do Mérito Cultural do Brasil, em 2009.
O Teatro Vila Velha, desde 1995, recebe recursos do Estado, assim como outras instituições culturais. Diferentes gestões assumiram o governo da Bahia e todas mantiveram o apoio a elas. Essa ação foi ordenada, em 2010. Foi lançado pela Secretaria de Cultura um edital, elaborado em parceria com a Procuradoria Geral do Estado, com critérios de avaliação e pontuação objetivos, para que a escolha das instituições apoiadas não fosse um ato apenas do secretário, para democratizar o acesso de outras instituições aos recursos e para definir patamares de valores para cada uma. O Vila concorreu, teve sua proposta aprovada e o valor do convênio definido por comissão formada por pessoas da sociedade civil e do governo.
Vale ressaltar que hoje 14 instituições estão no programa. No mesmo patamar de valor que o Vila, em torno de 450 mil reais anuais, estão o Theatro XVIII e o Museu da Misericórdia.
Para receber esses recursos o Teatro Vila Velha e as outras instituições precisam prestar contas corretamente dos seus pagamentos e atividades, com metas e ações trimestrais previstas em suas propostas. O Vila ultrapassa suas metas.
Só em 2010 tivemos 444 apresentações para um público de 55.214 pessoas e para isso a Sol Movimento da Cena, entidade que gerencia o Vila Velha e sua programação, tem 33 funcionários contratados.
Os recursos que o teatro recebe do Estado são para que possa apoiar sua programação e subsidiar o valor dos ingressos e correspondem apenas a 33% do seu orçamento mensal, que consome 115 mil reais para gerar empregos diretos e indiretos e beneficiar público e artistas com acesso a bens produzidos e meios de produção.
São custos para manter o teatro apenas, não para produzir seus conteúdos. Os grupos, que desenvolvem seus projetos no Vila, buscam recursos de outras fontes: em editais, apoios, patrocínios e também na bilheteria de seus espetáculos ou nas inscrições para as oficinas que promovem. O público é levado em conta no Teatro Vila Velha, e a necessidade que a sociedade tem do que é oferecido também se traduz no retorno de bilheteria, cujo rateio para o teatro corresponde à 17% de suas despesas. Outros 27% vêm de patrocínio da Petrobras, desde 2004.
Qualquer um que saiba matemática percebe que há um déficit nesta conta. Entretanto, o Vila não fecha nem ameaça fechar suas portas por isso, porque convive com essa luta desde sua construção.
Buscamos os 23% restantes de forma criativa, promovendo atividades de formação, eventos, criando e vendendo produtos e muito mais. Sem deixar de lado a busca por mais uma cota de patrocínio que resolva a equação.
Os grupos residentes e em residência são fundamentais neste afã. Uns vieram já prontos como o Bando de Teatro Olodum (24 artistas), o Nata (6), o Teatro da Queda (11), o Pivô (2) e o Supernova (3), outros se formaram aqui, como o Núcleo Viladança (13) a Outra Companhia de Teatro (5) e a Cia Novos Novos (35), e Sonia Robatto, fundadora e integrante da Cia Teatro dos Novos, que construiu o Teatro Vila Velha, sua política, sua estética e sua ética, pautado numa luta incessante por mudanças que tornem a sociedade mais justa.
Todos os dados numéricos citados neste artigo encontram-se detalhados no site www.teatrovilavelha.com.br, assim como seu dia a dia está registrado no blogdovila.blogspot.com
Gina Leite
é produtora cultural, escritora e Coordenadora Geral do Teatro Vila Velha.
Salvador, 31 de outubro de 2011
Sou fã do Vila desde que era dirigido por João Augusto, com Mario Gusmão, Mario Gadelha, Yumara Rodrigues e tantos outros como atores. Depois participei como fotografo da montagem de diversas peças com Alvaro Guimarães, Jorge Salomão e fiz uma exposição de fotografias de uma peça proibida pela ditadura: ” As Senhotitas ” de Jean Genet, dirigida por Alvaro Guimarães. Fiquei surpreso e gratificado com a recuperação do Vila e a direção segura que Marcio e seu grupo deram a essa instituição nos 90, creio. E até Márcio se tornar secretário de um governo que ousou mudar os paradigmas para a cultura nunca ouvi um único reparo a essa administração. Me solidarizo com Marcio e toda administração do Vila e repudio a difamação e execração publica que querem lhes impigir!
Sou professora de Artes no Colégio Estadual Marcia Meccia e em 2010 tive oportunidade de levar meus estudantes do ensino básico, do quinto ano fundamental ao terceiro do ano do nivel médio a diferentes espetáculos de dança e teatro no Vila Velha. Foram experiências importantíssimas na vida deles, pois as peças que vimos tinham linguagem contemporâneas e alta qualidade técnica. Espero que o trabalho desenvolvido com a liderança de Marcio Meireles tenha continuidade e seja expandido para toda a comunidade baiana, tornando o teatro mais popular e democrático como em SP, RJ e outras capitais do país.