SOBRE A MÍDIA E SUA COMPRA
Tem sido noticiado que acusei a mídia baiana de ter sido comprada, por isso não noticia corretamente ou dá a visibilidade justa ao movimento DESOCUPA.
No terceiro dia do projeto A CIDADE QUE QUEREMOS, ação conjunta do Teatro Vila Velha e do movimento Desocupa, ao abrir a noite para chamar Ordep Serra e entregar o palco para que ele coordenasse aquele fórum, disse que não se conseguia visibilidade para o movimento porque ele mexe com interesses muito altos. Muita grana. A cidade foi comprada, a mídia também.
No fim do evento, encontrei Ernesto Marques – vice presidente da Associação Baiana de Imprensa – e ele me disse: muito ruim sua fala, estamos tentando trazer os jornalistas para o movimento e vc fala contra.
EU: Não falei de jornalistas, falei da mídia.
ELE: Os jornalistas são parte, e aí tá cheio de jornalista.
EU: Mas não são eles os que se vendem.
É o mesmo fenômeno de juízes honestos ficarem indignados com o Conselho Nacional de Justiça por investigações a juízes corruptos ou pelas declarações de sua representante sobre bandidos de toga. Ernesto, experiente, sabia o que viria… e aí está. Divulgado e replicado… Marcio Meirelles acusa a mídia baiana de ser comprada.
Fora eu cínico e diria que a mídia pode ser comprada em bancas de jornais, através de assinaturas e de várias outras formas, a depender da mídia, se impressas, audiovisuais, virtuais ou outras. Espaços na mídia podem ser comprados pagando-se anúncios. Ou seja, a mídia é comprada por leitores, assinantes e anunciantes. E é isso.
Assim, as notícias veiculadas de alguma forma atendem a quem compra o medium, ou não faria sentido. Se os meios de comunicação não divulgam isso ou aquilo é porque isso ou aquilo não interessa a seus compradores, ou seja, não garantem a venda. E os produtos precisam ser vendidos até para que se possa pagar os salários de quem os produz. Seja em que função trabalhem.
Basta ver a página onde a notícia da “acusação” que fiz foi veiculada: cheia de anúncios.
A tal notícia está sendo “repercutida” em muitos outros blogs e sites, todos cheios de anúncios. Ou seja, mídia cujo espaço é comprado. E ponto.
Sempre confuso, conflituoso, indeciso. Vaselina pura.